
A sensação de ficar em um hostal no centro de Madri é a mesma de quem se hospeda em um casarão mal-assombrado. E o primeiro susto é logo na entrada, com a tabela de preços. Por um quarto duplo, sem banheiro e sem direito a café da manhã, pagamos 55 euros por dia. A gente não sabia se chorava de saudade de quem ficou no Brasil ou das moedas que estavam indo embora.
Quando abrimos a porta do quarto e escutamos o ranger da fechadura, aquele típico "reeeeeeeeeeeeeeeeeenc!", a fita da memória deu uma rebobinada até o dia em que, pela internet, fizemos a reserva. E só então constatamos o que é bastante óbvio: os proprietários desses estabelecimentos utilizam a nossa mesma tática de msn ou profile do Orkut: dão aquela caprichada nas fotos que são publicadas no site. E foi o jeito desfazer as malas por lá. Se a gente pode, por que eles não?
Acontece que a maioria desses hostais fica localizada bem no centro histórico de Madri, em prédios cuja construção remonta ao início do século passado, idos de mil, novecentos e vovó começou a paquerar, ou até antes disso. Por dentro, possuem inúmeros cômodos e alguns banheiros, que se distribuem por corredores enormes. No Hostal Luz, entre as portas, podem ser vistos muitos quadros. Tinha até uma pintura com a inscrição embaixo: Van Gogh. E depois ficam dizendo que ele nunca conseguiu vender nenhuma obra. Obviamente, devia ser tão verdadeira quanto as fotos do hostal.
As pessoas que trabalham lá também estão longe de ser uma novidade tecnológica. A D. Concha, que é uma espécie de gerente ou governanta do castelo, já está quase nos acréscimos, com o juiz correndo para pedir a bola no meio de campo. Coitada, foi quem melhor nos recebeu. Principalmente, quando dissemos de onde vínhamos: "Ah, eu adoro o Brasil. Tá crescendo muito, né? Esse ministro, o Rui Barbosa, é mesmo danado." Sua torcida e seu pensamento positivo nos incentivaram bastante a conseguir um bom lugar para ficar. No final, até quisemos retribuir tamanha gentileza, convidando-a para um passeio ao museu Reina Sofía (não percam os próximos capítulos). Mas a bichinha ficou com medo de ser confundida com uma peça e nunca mais poder sair de lá. Uma pena.
Nosso quarto não era muito grande e, por um erro de cálculo, ficou menor ainda. Em vez de duas camas, colocaram três. A do meio escondia uma velha lareira e todas ficavam de frente para um guarda-roupa, que deve ter pertencido a um desses Felipes aí que foram reis da Espanha. Tinha também uma varanda, que dava para a movimentada Calle De las Fuentes, bem no miolo da cidade. E em cima da cabeceira da cama do meio, se equilibrava um quadro (pra variar) com o rosto de uma mulher pintado. Eu juro que vi os olhos dela se mexerem, como se acompanhassem a nossa movimentação. Mais, inclusive: ouvi até um "fiu-fiu" quando estava trocando de roupa. É a mais pura verdade. Ah, e para lembrar que estávamos no século XXI, uma televisão de 14" se espremia em um cantinho.
Sem dúvidas, a primeira noite foi a pior de todas. Qualquer coisa que nos lembrasse o Brasil era motivo de choro e saudade. Qualquer coisa mesmo. A volta para casa na Topic 55 lotada: buáááááaááááá! Trabalhar até mais tarde no domingo: buááááááááááá. É uma mistura de sentimentos e sensações difícil de explicar. Opa, mas espera aí: aquele remexido no estômago, aquela bateria da Portela no bucho, anunciando a passagem dos carros alegóricos, eu conhecia muito bem. O filé de ternera - ou os ingredientes adicionais (ver post "O Jantar") - mostrou que não estava para brincadeiras. Naquela noite, a Espanha ganharia mais um rei.
Sem entrar em muitos detalhes sobre o episódio - por motivos óbvios e porque talvez você esteja comendo agora - os europeus têm umas manias meio esquisitas. O banheiro, por exemplo: sempre tem uma banheira dentro do box, onde, normalmente, o chuveiro reina absoluto. O lavatório deve ser feito em cima da própria, usando uma ducha. Aí fica aquela piscininha de sabão com seroto, não muito higiênica, quase cobrindo o pé.
Eles bebem água da torneira sem filtrar e o pior de tudo: no banheiro, também não tem aquele cestinho para colocar o papel que nós utilizamos depois de... Pois é, você entendeu. E como é que faz? Bem, lá tinha uma janelinha que eu abria e rezava para não cair na cabeça de ninguém que estivesse passando na rua. Até que o Marcel comentou, no penúltimo dia: "Tu viu que estranho? A gente tem que jogar o papel no aparelho sanitário e dar descarga. Meio nojento, isso..." "Tá calor, hoje, né?" Eu respondi.
19 comentarios:
55 por dia???? Putz! Caríssimo! Quando cheguei, havia reservado 4 noites no Cat's Hostal, também no centro, perto da estaçao Atocha Renfe. Os quartos eram até grandinhos. Fiquei num quarto que, teoricamente, era só para mulheres (na prática nao era assim, mas tudo bem, fazer o quê?). Eram 5 beliches, o que significa que havia lugar para 10 pessoas. Os armários eram individuais, com chave, bem seguros. Os banheiros eram como os de shopping, com a parte dos sanitários, a parte dos chuveiros e a parte das pias, bem limpos e organizados. Cada dia de hospedagem custou 14€, incluindo café-da-manha. Tudo bem, tudo bem, vou continuar enviando dicas de economia pra vocês! Beijoca!
num to dizeno mermo...reclamando, marróia!! uma porra dessa, um bicho rei remelento desse, q vestia a cueca até pelo avesso p n gastar outra limpa...ráááá!! ta com saudade do puchadim na periferia, com saudade até da 55...pobre é uma bosta, sente falta até do q num presta!!hauahaua!! melhora pq agora vc é foda minha jóia!!!inté mais
Hauhauahauhauhahuahuauh. ei, macho, vai olhar logo os teus e-mails porque tua hora na lan house tá acabando... heheheehhe
ráááááááá´!!!!né lan house naum, é gato mermo..hauahaua!!!
O hostel que fiquei é bem no centro, proximo do teatro Haagen Dazs, e custou €16,00 por dia. Tinha cara de mal assombrado tb, mas era limpinho e confortável. Tinha uma internet gratis tb, mas os pcs, se não eram 486, eram primos legítimos! :)
Bjos, boa sorte!
Alessandra (Aguiar)
Demorou pra perceber que tinha que jogar o papel no vaso hein? Huhauahauhau... :)
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Porra, Pádua, o Cleiton sempre comentava "E vocês jogam no cesto, pra quê? Pra guardar, é??"
Essa não tem desculpa!!
Quase me acabo de rir aqui e o povo perguntando que piada que eu tinha lido!
Huahuahuauhaua.
Uma vez fiquei num bostel em NY (esse "uma vez" até parece que eu vivo indo lá. Mas é o contrário, só foi uma vez mesmo). Parecia aquelas cenas de crime de filme. Só faltou o desenho do corpo no chão. A cama era fuleragem, mas era perfeita pra casais em crise. Era afundada no meio e mesmo que um não quisesse os dois acabavam juntos no centro dela. A televisão (de 14 também) tinha marcas de um curto circuito que deixou aquelas manchas pretas. A vista também era uma maravilha, só escada de incêndio e janela dos outros muquifos. O toque de classe ficou pela toalha do banheiro que era do Holiday Inn, sendo que aquele buraco, claro, não era o dito hotel.
Mas assim é q é bom: a estadia passa, mas as histórias ficam.
E esse comentário ficou quase um post, foi mal.
Abração, lisera.
Acertaram o nome do restaurante na mosca. Aliás, muitas moscas, heheheheh. É o Kepab mesmo, Flávia e Alessandra. Que negócio imundo, putz. O cara pegou nosso sanduba com a mao e depois foi varrer a lanchonete??? Como é que pode? E é porque nao sou muito exigente com comida... Aí, almoçava num lugar que todo dia tinha arroz com passas. O problema é que eram passas voadoras, heheehhehhehe.
uhauhahuauhahuauhahuahu é muito "cara da favela". como diz o
Sidney um estabelecimento que tem material promocional de outro lugar. E as manchas de curto-circuito? A toalha do Holiday Inn furada foi foda... Casao, imagina quantos sovacos suados essa toalha já deve ter friccionado na vida... Se duvidar, esse buraco é obra de uma barata roedora...
bora maxu, escreve mais alguma coisa ae, pq eu já fiz um crediário na lan..hauahau... na quinzena...rááááááá!!!! e como sou um eterno aposentado, leia-se desocupado mesmo...quero saber o q se passa!!!inté mais liseirassssss
Rsrsrsrsrs
Vcs estão realmente vivendo uma nova experiencia..!! Ei, aqui tb dizem q os brasileiros é q são porquinhos pq colocam num cestinho! =P
Agora imaginem o q uma brasileirA sofre pra de adaptar a esse tipo de coisa... Eu JÁ comprei um cestinho de lixo pra mim!! hauhauhauhauhau
bjussss
rapaz, já sabia a muito tempo q tem gente joga o papel de bosta junto com a bosta e dar descarga...é até justo pro papel q vai junto com o coleguinha... mas a melhor foi a do Rui Barbosa. Quero saber se foi verdade mesmo
Em Acopiara já é assim, é, Andreh? heheheehheh. Pois é, Aloá, está na minha lista de prioridades comprar um cesto também. Só espero que a estacao de tratamento seja bastante eficiente, porque estamos bebendo água da torneira.
Ouvi dizer que a água da torneira espanhola não é de muita confiança não...em todo caso, nada como um pantelmin pra matar as lombrigas!kkkkkkkkkkkkk... :P
hahahaahahahah. E como é Paltelmin en espanhol, pela-mor-de-deus?
rááá!! maxu teus anticorpos saum td cearense cabeça chata!! guerreiro mermo..num é uma aguinha com biziu q vai derrubar eles n!!hauahaua!!
ecaaaaa!!! será que o papel caiu em alguém? uiii!
Ei,fiquei imaginando a cena aqui, do papel caindo na cabeça de alguém? kkkkkkkkkkkkkk
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