sábado, 21 de marzo de 2009

4 lisera em Londres, parte 2


(Fernando, ao fim do vídeo, "Ei, vamo tomar uma?")


Lembra de “Velocidade Máxima 2”, em que a bomba é o filme? Pois é, continuações são usualmente piores que o original. Aliás, há quem destrua a carreira depois de uma seqüência mal feita. Macaulay Culkin, por exemplo, após “Esqueceram de Mim 2”, virou amigo(a) do Michael Jackson.

Como não temos carreira para destruir, nem muito menos a intenção de andar pra trás, como o cantor pop que sofre de pano branco, prossigamos a aventura dos quatro lisera em Londres. Sim, a história é antiga, requentada, mais velha que brontossauro, pterodátilo e a Hebe. Mas, diante da falta de grana e, conseqüentemente, da falta de causos, melhor mesmo é terminar de contar nossas peripécias na terra de Tio Sam. Ah, o Tio Sam não é inglês? Tá bom, então, avô Sam, bisavô Sam, sei lá. Alguém da família deste corno deve ser britânico.

Onde estávamos? Isso mesmo, na London Eye. Ali paramos para comer um cai duro. Foi quando escutamos o nosso primeiro “Foquiú”. O premiado foi o Fernando Oião que, ao reclamar do preço do caga-já, segundo ele, “Muito ecspensivi”, ouviu do vendedor o palavrão normalmente traduzido nos filmes com o eufemístico “Vai-te ferrar”. O momento foi tão comovente que o Fernando consentiu cair uma lágrima. O suficiente para elevar em trinta centímetros o nível do rio Tamisa.

Finda a refeição revigorante, pensamos no que fazer em seguida. O coeficiente intelectual dos quatro amigos era tão alto que ninguém sabia bem para onde ir. “Que merda, Londres não tem nada pra fazer”, alguém chegou a proferir. Decidimos procurar uma lan house para tentar criar um roteiro turístico. Assim, caminhando para encontrar um computador, acabamos conhecendo boa parte da cidade. Visitamos a Tower Bridge, o Brittish Museum, o Museu de Ciência e Tecnlogia, o Palácio de Buckingham, Piccadilly Circus, o Museu da Guerra e, principalmente, os ônibus de dois andares. Como seria bom se o Paranjana também fosse assim!

Vale lembrar, ademais, a apetitosa feijoada que saboreamos em pleno centro de Londres. A iguaria estava mesmo deliciosa. Comemos, sem suspeitar que, algumas horas mais tarde, precisaríamos entrar na Harold’s, uma das lojas mais caras e famosas do mundo, para, digamos, devolver os feijões ao vaso.

Logicamente, houve mais imprevistos. Deixamos de visitar lugares como o Tate Modern e a National Royal Gallery porque perdemos algumas horas vendo besouro no Museu de Ciências Naturais. Se fosse para observar mosquito, era muito mais fácil regressar ao nosso Ceará véi, esperar a chuva e acender a lâmpada.

Outro problema, este sem solução, foi causado por esta nossa cara de lorde inglês. Com ela, até porque não temos outra, tentamos entrar em um bar e fomos sumariamente barrados. O motivo? “Aqui não se pode entrar de ruma”, disse o brutamonte que guardava a porta. Interessante que logo em seguida a passagem foi liberada para uma excursão de uns trinta turistas alemães.

Falando em alemão, fizemos amizade com um deles no albergue. Até ficamos de visitar um museu com o rapaz. Ele não sabia, entretanto, que quando um brasileiro marca alguma coisa, é necessário confirmar quinze vezes, além de chegar umas duas horas após o horário marcado. O pobre coitado do Fritz foi pontual, esperou longos minutos no frio e, quando já havia desistido e estava indo embora, viu-nos chegar sorridentes. Não entendemos nada de alemão, mas certamente aquilo que bradou não foi um elogio.

O idioma causou ainda outras dificuldades. Curiosamente, não tanto o inglês ou o alemão, mas, sobretudo, o português. Estávamos degustando uma Guinness (um dia tomando Sapupara, no outro bebendo Guinness; a vida é mesmo surpreendente), quando um sujeito se aproximou da mesa. Pela inteligência simiesca, notamos se tratar de um português. O Manuel começou oferecendo droga e chegou ao ápice da maldade ao tentar vender um casamento. “Ora, pois, você casa com uma portuguesa e ganha a cidadania!”, explicou. Recusamos na hora. Primeiro porque o casório custava muito caro. Segundo porque portuguesa tem bigode. E terceiro porque matrimônio arranjado é crime e, estando em Londres, Sherlock Holmes certamente viria a descobrir.