domingo, 2 de noviembre de 2008

O primeiro passeio turístico


Depois de dias comendo o pão que o coisa ruim amassou, pisou, cuspiu e passou no sovaco suado, conseguimos um lugar para morar. Pelo que deu para perceber, é como se a gente estivesse morando no Conjunto Esperança ou no Jereissati II de Madri. Mas sem aquela violência toda. Ou quase nenhuma. A última vez que acionaram a polícia foi para apartar duas garotinhas que se engalfinhavam porque uma pregou meleca do nariz no cabelo da outra.

Mas nem podia ser diferente: a grande maioria da população é formada por senhores e senhoras, sempre muito educados e solícitos. Imagina se vai acontecer alguma coisa?! Já pensou que cena ridícula, um velhinho de 92 anos, todo se tremendo, apontando um revólver pra alguém e dizendo: "Pa-pa-passa o celular, meu filho... A bolsa, não. É muito pesada e eu quero evitar a fadiga..." Todo dia a gente desce para jogar uma partidinha de dama, ludo, gamão. Nunca aconteceu nada.

Agora que estávamos devidamente instalados e inseridos socialmente, resolvemos ser um pouco turistas e conhecer a cultura, a arte e a história do país em que estávamos morando. Para fazer tudo isso, guardávamos no bolso do casaco surrado pouco mais do que 15 euros, o papel de um Malukinha de Morango e uma figurinha amassada do Biro-Biro. Mas como saco vazio não fica de pé, resolvemos almoçar antes para só então seguir caminho. Atraídos pela logomarca, paramos no "Pollito", um restaurante self service bem simples, porém aconchegante. Mais à frente, podia-se escolher vários tipos de guarnição. "Olha ali... Um arrozinho com passas agora, hein? Hummmmm". Mas esse desejo logo foi desfeito pelo garçom, que abanou freneticamente a comida com uma das mãos, até que a porção ficasse branca como neve. Ou as passas da Espanha sabem voar ou você acertou na mosca o que realmente era aquilo.

Foi o jeito, então, encarar um prato russo, chamado "arrozcovo" - vulgo bife do oião - antes de seguir para o centro. A viagem é muito longa. Dá para cantar umas 4, 5 vezes, tranqüilamente, "Faroeste Cabloco". Isso se você for retardado. Caso contrário, um bom livro já resolve. Finalmente, chegamos. Munidos de câmera digital no pescoço, bermuda, camisa florida de botão, chapéu, tênis com a meia no meio da canela e milhares de folhetos turísticos, resolvemos procurar um lugar que nos proporcionasse um engrandecimento intelectual condizente com a nossa sede de conhecimento.

Gesticulando mais do que dançarina de pagode no refrão, tentamos estabelecer contato usando o nosso espanhol de microondas, cheio de frases prontas: "Hola, por favor: ¿donde hay museos, pintores, esculturas?" O homem respondeu como se estivesse narrando na Verdinha 810 AM um contra-ataque do Ceará: "Sigue adelante, después de la estatua vas a tener obras de Miró y Dalí." A nossa sorte é que estudamos bastante espanhol antes de viajar e entendemos tudo direitinho: "Tsc, muito fácil. Vai adiante e sobe na estátua que dá pra ver melhor dali..."

Pois não é que deu certo? Em cinco minutos, estávamos onde, onde? Museo del Prado? Parque del Retiro? Reína Sofia? Huuuú, na trave. No Santiago Bernabéu, o estádio do Real Madrid. Isso mesmo. Gastamos nossos últimos euros para conhecer o local onde os maiores craques de futebol do mundo jogam, treinam, tomam banho, fazem número um, número dois etc. E valeu cada centavo. Conhecemos a sala de troféus, onde estão expostas as maiores conquistas do time, a foto de todos os jogadores que marcaram época. Tem o Roberto Carlos, no tempo em que ele ainda não arrumava o meião no meio da partida; o Ronaldo, o Robinho, o Cicinho, o Júlio Baptista. E pra conversa não ficar chata para a mulherada, tinha o David Beckham também. Por favor, nada de gritinhos histéricos.

Conhecemos ainda a arquibancada, as cabines de transmissão. E olhem só: é possível bater fotos sentado no banco de reservas dos próprios jogadores, à beira do tapete verde. Igualzinho aos nossos estádios. Uma vez a gente pediu ao Seu Tavares, vigia do Castelão, para bater uma foto no gramado. "Claro, meu fi, pode. Se você souber onde é que tem um."

Mas bem que estávamos estranhando tantos agrados. Na saída, há um loja exclusiva do time, para pegar os bestas no calor da emoção. Lá, pode-se encontrar todos os tipos de mimos e adereços com a logomarca do clube: camisas personalizadas, chaveiros, imãs de geladeira, canetas. Tinha até uma cueca com o símbolo do Real e uns dizeres: "Vai que é tua, Castillas (o goleiro espanhol), segura duas bolas ao mesmo tempo!"

O cartão de crédito estava quase pulando do bolso, doido para se esfregar na maquininha espanhola, que piscava para ele. No final, conseguimos sair de lá sem gastar nada. Milagre de São João? São José? São Sebastião? Não, Não. São dois lisos, isso sim. É que, se comprássemos um Big Big, teríamos que voltar pra casa à pé. Deu saudade do tempo em que o trocador perguntava "inteira ou meia?" E a gente mostrava a carteirinha.


Um plus extra a mais para você:

- Visita virtual à sala de troféus:
http://www.youtube.com/watch?v=_khGcdneNbM

- Visita virtual ao banheiro do estádio:
http://www.youtube.com/watch?v=jApPrrPg7Kk

- Mais fotos do passeio:
http://www.flickr.com/photos/31579939@N04/page7/

18 comentarios:

paula dijo...

Tá...... só quero saber se vai ter a vez do "o primeiro dia de aula"
rsrsrsrsrsrs
besos!!!

Anónimo dijo...

O Pádua é gaiato, Paula. Quer que eu escreva o primeiro dia de aula. Sabidim.

Anónimo dijo...

Já viu o carro do antigo chefe pegando algum cliente por aí?

paula dijo...

... Por que será, hem Marcel?
beijinhos,
saudade de vcs!!!

Sidney dijo...

Agora fiquei curioso tb! Conta aí do 1º dia de aula, mah! Ei, tem um delay aí nesse post, tem nao? Ou foi um Deja vù?

Aloá Benvenuti dijo...

hauhauhauhau
demorou mas ficou sofisticado, com vídeos, fotos!!! gostei de ver!!! comentei as fotos!! :)
beijão!

Pádua Sampaio dijo...
Este comentario ha sido eliminado por el autor.
Pádua Sampaio dijo...

nao teve nada no primeiro dia de aula, oxe... Nada que nao possa ser contado para maiores de 18 anos, depois das 10 da noite... :P Eita, Marcel, nossos leitores caparam o gato, deram o pira... o blog tá q nem aquele arroz, às moscas.

Unknown dijo...

Que nada, bananada! Aleluia q escreveram! Eu já ia entrar e ver o mapa e comentar: "Desisto".
kkkkkkkkkkkkkkkk
Passas voadoras... ôwptaria!
Mas tb fiquei curiosa com o 1º dia de aula! Por favor, se garantam! :P
kkkkkk
Adorei a postagem desse!
Deus dê juízo a vcs! Abraço!

Savio dijo...

aula? béisso? nem no brasil vcs faziam esse tipo d ação, qt mais nas europa da vida..hauahau!!! continua contando do turismo 'liseira' mesmo, até p rolar uma identificação com o público..hauahaua!!! pode falar tb do rurismo sexual..ráááá!!!
sucesso liseiras!!!

paula dijo...

conversa é essa savio??? vc tá muito gaiatinho....
rsrsrsrsrs

Pádua Sampaio dijo...

hhaauhauhhuahuaha... sávio, se a gente nao encontrar um emprego nos próximos meses, pode esperar o post com o tema.

Anónimo dijo...

Vou escrever qualquer coisa aqui, só pra nao ver mais "12 comentários" e ter a sensaçao que ainda tem alguém lendo essas besteiras: "A bela margarida casou com o senhor bara" pronto.

Sidney dijo...

Rapaz, isso aqui ta parecendo as obras do Metrofor... A gente sempre passa em frente, mas tá sempre a mesma coisa!!! hehehehe

Unknown dijo...

Toda razão pra este Siderando, aí, salientando a magnífica comparação com aquelas obras! Realmente tá pior q relógio sem pilha... Já tem até tema pro pxmo post (1º dia de aula) e esses cabras não desenvolvem? Que é isso? A espanha não tá fazedo bem pro intelecto de vcs???? :P

Sidney dijo...

Pádua, Marcel, passei hoje uma mensagem pro consulado brasileiro em Madri. Vocês estão vivos?? Por favor mandem notícias, estamos realmente muito preocupados com voces! :-)

Unknown dijo...

Marcel, seu cabra, descobri agora pq q vc não atualiza o bendito desse blog... mas vc se lascou, pq agora temos no Brasil uma intercessora que pode lhe pressionar com mais firmeza, viu??
:P
Avia... hehehe
Abraço!

Flávia Gomes Franco e Silva dijo...

David Beckham???? Aaaahhhhhhh!!! Hahahahahahaha! Vocês são os dois lisos mais divertidos que já vi na vida! Meu primeiro ano de Espanha me ensinou a viver sem poder compar nenhum, Big Big durante um mês inteiro porque toda a grana tinha ido pro bolso da tia peruana "cabrona" que alugava quartos a pessoas inocentes e sem experiência (como eu naquele momento). Depois as coisas foram melhorando. Comecei a trabalhar na uni e já podia comprar um Big Big por semana! Hahahahaha! Agora fiquei sabendo que reduziram o dinheiro das universidades públicas e só vão conceder a metade das bolsas que concederam no ano passado. Fala sério! Quando a coisa começa a melhorar... Mas a esperança permanece. Beijos!